De forma oficial, Soraia Mendes lança sua anticandidatura ao STF

Na segunda-feira (26), através de evento online, Soraia Mendes junto às entidades da campanha Por Um STF Laico e Independente lançaram sua anticandidatura para o cargo de Ministra do Supremo Tribunal Federal. Além da presença dos reprepresentantes das organizações jurídicas, participaram também integrantes dos movimentos sociais que manifestaram seu apoio à anticandidata. A presidenta da AJD, Cristiana Cordeiro, fez um dos primeiros pronunciamentos do encontro e destacou Soraia como "comprometida com os princípios constitucionais e direitos fundamentais. Por toda a sua trajetória, Soraia se notabilizou pela defesa das causas que envolvem populações e segmentos discriminados e vulnerabilizados, o que conjuga com estudo e trabalho científico".

Na ocasião, Cristiana também criticou o indicado do Presidente Jair Bolsonaro ao cargo, André Mendonça, afirmando que ele "não possui a qualificação necessária para ser Ministro e foi indicado por sua filiação religiosa e pela fidelidade canina ao presidente". A presidenta da AJD lembrou também que em 2014, durante o governo da Presidenta Dilma, a associação propôs um debate público para o preenchimento das vagas ao Supremo Tribunal Federal, um processo que envolvesse ampla participação popular, indo no sentido oposto do atual modelo que é refém das conversações "palacianas". "Não escapa à AJD que esse patente déficit democrático tende a produzir uma Corte descompromissada com os valores e os objetivos constitucionais, na qual a única real qualificação para o cargo foi o arbítrio do chefe do poder executivo", afirmou Cristiana. 

Reverência às que vieram antes

Soraia Mendes foi a última a se pronunciar no evento de lançamento de sua candidatura, ao assumir a fala fez questão de reverenciar a Advogada Vera Araújo (ABJD) e a Procuradora Maria Betânia Silva "cujos passos fizeram com que esse caminho fosse aberto para que outra mulher negra chegasse nesse momento". Soraia também aproveitou para lembrar qual é o verdadeiro papel de um Minsitro do STF, que é guardar a Constituição. "Essa Constituição foi escrita por nós, com todas as suas contradições internas, com as forças políticas que ali se colocaram, mas o direitos e garantias fundamentais que estão ali custaram muito ao nosso povo", afirmou Soraia. 

A jurista fez questão de exaltar a força coletiva que tem impulsionado sua campanha, "a força motriz que nos fez chegar até aqui é a força de um projeto amplamente democrático, que congrega tantas pessoas, que congrega tantas defensoras e defensores da Constituição", declarou. Soraia fez questão de colocar que sua anticandidatura não é uma bandeira identitária. "Não se trata de colocar uma mulher negra. Colocar uma negra se trata de uma representatividade que nos importa e importa muito, porque este é o lugar que nos é devido, não somente a uma, mas a muitas de nós, a todas as que vieram antes de nós", concluiu.