AJD participa da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Atingidas por Barragens

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Imagem: Rosaly Stange

Do dia 2 a 5 de junho, a cidade de Brasília recebeu a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Atingidas por Barragens, evento organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Com um tema que se propôs a discutir o enfrentamento ao fascismo, crise climática e o avanço nos direitos, a jornada reuniu cerca de mil mulheres de diferentes regiões do Brasil. A Associação Juízas e Juízes para a Democracia (AJD) esteve presente representada pela associada Rosaly Stange (AJD-ES), Juíza no TRT17.  

O encontro também foi importante para abordar algumas reivindicações das mulheres atingidas, entre elas, destacam-se a regulamentação e aplicação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas (PNAB), a criação de planos de segurança para as populações impactadas por barragens, grandes projetos e mudanças climáticas e o enfrentamento da devastação ambiental promovida pelo setor do agronegócio no país. 

A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, prestigiou o evento no dia da abertura e recebeu solidariedade das atingidas, em razão do episódio de violência que enfrentou no Senado Federal na última semana, enquanto defendia a proteção da Amazônia. “A Marina Silva nos representa e simboliza o enfrentamento ao fascismo, ao machismo e à misoginia em nosso país”, afirmou Liciane Andrioli, integrante da coordenação do MAB. Durante sua fala, a ministra conclamou as mulheres a manterem a luta e a ocuparem espaços de poder, ressaltou os perigos do PL que visa flexibilizar as regras de licenciamento ambiental e destacou a presença feminina nas trincheiras de luta do meio-ambiente. “As mulheres corajosas que vemos em diversos movimentos, como o MAB, estão na linha de frente da luta por seus territórios, suas comunidades, para proteger a vida, a segurança alimentar e energética. Espero que essa resistência, que hoje é um ato de permanência e escolha de onde queremos estar, e não de onde querem que sejamos, se transforme em um novo modo de vida”.  

A Ministra Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) também esteve presente na jornada acompanhada da Secretária Executiva Adjunta do Ministério das Mulheres, Eutália Barbosa, que representou a chefe da pasta, Ministra Maria Helena Guarezi. Ambas colocaram seus ministérios à disposição do MAB.

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Ao centro, a associada Rosaly Stange representando a AJD durante a jornada/Imagem: Rosaly Stange

A associada Rosaly Stange teve a oportunidade de realizar uma fala, ela destacou o momento histórico atual e reafirmou seu orgulho em integrar a luta contra o fascismo, as mudanças climáticas e a defesa dos direitos, pautas caras para a AJD. Também denunciou o modelo de desenvolvimento extrativista, herdeiro da matriz colonial iniciada em 1500, que explora corpos e territórios, e apontou quatro eixos centrais de resistência: economia, autoridade, gênero e produção de conhecimento. 

A defesa da implementação da PNAB com participação direta dos atingidos também foi outro destaque na fala de Rosaly, assim como a produção de saberes pelas próprias mulheres e o uso da comunicação como ferramenta de luta. Finalmente, ela homenageou a memória de lideranças assassinadas na luta como Margarida Maria Alves, Nicinha, Dilma Ferreira, Flávia Amboss, Berta Caceres, e Débora Moraes. 

Como ato de encerramento da jornada, as atingidas realizaram uma marcha até a Esplanada dos Ministérios contra o PL 2159/2021, apelidado de “PL da Devastação”. Em seguida, foram até a Embaixada da Palestina, onde foram recebidas pelo ministro Conselheiro e Vice-Chefe da Missão Diplomática, Ahmed Alasaad. Na Embaixada, elas prestaram solidariedade ao povo palestino e protestaram contra o genocídio do regime nazisionista de Israel que, desde outubro, já matou mais de 50 mil palestinos (a maioria mulheres e crianças), feriu mais de 150 mil, destruiu ruas, hospitais, escolas, universidades, mesquitas, casas e prédios.   

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Foto: Rosaly Stange

 

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