Quem tem medo de Bolsonaro?

No último período, todos os dias, os celerados seguidores de Bolsonaro cometem toda sorte de crimes em várias cidades do Brasil. São carreatas e aglomerações em tempos de pandemia, violências físicas e emocionais contra cidadãos, sem falar na indústria de fake news, calúnia, injúria e difamação, cada dia mais frequentes, em ritmo crescente.

Bolsonaro incentiva, patrocina e participa de tudo isso, confraternizando com a súcia que pede o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, mentindo deslavadamente, incentivando a quebra do isolamento, propagando notícias falsas e ameaçando as instituições. Não se passa um dia sequer sem a ameaça de autogolpe pairando no ar. Em reunião ministerial, o presidente clama, abertamente, por insurreição armada dos cidadãos contra prefeitos e governadores; membros do STF são chamados de vagabundos e ameaçados de prisão. Em entrevistas e lives, parlamentares injuriam o Ministro Celso de Melo. E tudo vai ficando por isso mesmo, em evidente incentivo ao desejo golpista desde sempre anunciado pelo lamentável presidente.

O Procurador-Geral da República recebe na Procuradoria o presidente por ele investigado criminalmente. O Presidente da Câmara não reage à altura às ofensas diárias ao Parlamento. E quando o STF ordenou ação da Polícia Federal contra a indústria de notícias falsas e de ameaças ao Tribunal e a seus membros, o Ministro Alexandre de Morais foi ofendido, da forma mais chula que se pode imaginar, pelos investigados, foi ameaçado por eles e condenado à morte pelo escroque internacional guru do bolsonarismo.

A imprensa noticia que o presidente pretende renomear o delegado Ramagem para a Chefia da Polícia Federal e desautorizar o depoimento do Ministro da Educação, tudo para afrontar Morais. Na mesma noite, o filho deputado do presidente participa de live com dois dos investigados e o astrólogo da Virgínia, para ameaçar, abertamente o Supremo Tribunal Federal e a democracia brasileira, exigindo a suspensão do inquérito, a punição dos ministros, a adoção de medidas enérgicas pelo pai e avisando que a ruptura institucional e democrática é questão de tempo. Hoje, Bolsonaro, com reforço retórico do milionésimo palavrão, diz que acabou, que não vai ter mais operações da Policia Federal contra "pessoas de bem".

A pergunta que se impõe é: vai ficar por isso mesmo?

Se o Supremo vier a se amedrontar e retroceder com as bravatas do deputado, com as ameaças dos investigados ou com o ultimato do presidente, pode fechar a Casa e entregar a chave ao general Ajax, assessor presidente Tofolli. Por medo de Bolsonaro e de seus alucinados seguidores estaria definitivamente desmoralizado e sem qualquer relevância institucional neste infeliz país.