Manifesto político para um Judiciário contra o racismo estrutural

 

Como magistrada, proponho que meus colegas de Judiciário transformem indignação em ação

 

Nós, brancos e brancas, somos os responsáveis pelas violências que culminaram com as mortes de João Pedro – no Brasil – e de George Floyd – nos EUA – e esses homicídios guardam intensa relação com todo o passado escravocrata dos dois países.

 

Escravização de corpos negros produzida por nós, brancos e brancas.

Violência estatal produzida por nós, brancos e brancas, que ocupamos a quase totalidade dos cargos de poder nas instituições públicas.

Racismo estrutural produzido por nós que estamos à frente de todas instituições de saber e de poder, aqui ou lá. 

Racismo sistêmico, cotidiano, que mantêm segregados negros/as e nos concede, por isso mesmo, os privilégios materiais e imateriais decorrentes do simples fato de termos menos melanina no corpo.

Não tenhamos memória seletiva! EUA e Brasil abrigam as maiores populações negras fora do continente africano e essa migração forçada foi causada por nós.


Artigo publicado originalmente no site Carta Capital  no dia 05 de junho de 2020.

*Magistrada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e membra da Associação dos Juízes para Democracia.