Por Raquel Braga*
Os toscos Agentes da força-tarefa, bem-sucedidos nos seus propósitos, tiveram como protagonista o Poder Judiciário para arredarem Dilma do poder e encarcerarem Lula, potencial vencedor, afastado do pleito presidencial de 2018. Mas não conseguiram devolver à elite tucana o comando do Brasil, pois alguns fatos fugiram ao controle dos mentores de Curitiba:
- A morte de Marielle Franco;
- A eleição do protofacista Bolsonaro; e
- O jornalismo profissional e investigativo da equipe do The Intercept Brasil a denunciar a farsa.
O primeiro fato, a forma covarde em que foi morta a ativista dos direitos humanos, eleita vereadora no município do Rio de Janeiro, Marielle Franco, encheu as ruas de pessoas de diversas idades, classes e matizes políticos a exigir justiça.
Marielle, antes do mandato de vereadora, foi assessora parlamentar da presidência na CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2008. O relatório final da CPI, presidida por Marcelo Freixo, à época, deputado estadual do PSOL, apontou o indiciamento de 225 políticos, policiais, agentes penitenciários, bombeiros e civis, resultando na prisão de parcela dos milicianos.
O brutal homicídio, praticado no centro urbano do Rio de Janeiro, foi um recado da criminalidade para deixar claro quem daria as cartas a partir do golpe. O clima de violações bárbaras e de rupturas legais transitaria por todo o governo Michel Temer (2016/2018), ganhando força com a eleição de Bolsonaro que, sem constrangimento, como parlamentar, defendia a legalização da milícia.
O crime acabou por exaltar a dimensão do nome de Marielle e do quanto ela significava para a população. A comunidade nacional e internacional clamando justiça e a comoção das massas surpreendeu a direita e a extrema-direita. Exigência de dignidade que não terá lugar nos corpos jurídicos e políticos que dominaram a cena brasileira.
Quem matou Marielle?
Essa pergunta de repercussão internacional fustiga o Planalto Central com força para descredenciar o presidente da República e o ministro da Justiça que estiver no cargo (lembrando que Moro já figurou entre eles) por omissões indisfarçáveis.
Esse foi o primeiro fato fora das previsões e do controle da Lava Jato – a grandeza de Marielle e o impossível esquecimento do seu covarde assassinato.
A investigação, intensificada no curso de 2020, cujo desfecho, revelado, ainda traçará os destinos da política nacional e de todos os seus protagonistas – do juiz ambicioso ao seu azarão, "Chefe de Estado".
Quem mandou matar Marielle?
Quem mandou matar Marielle?
Quem mandou matar Marielle?
Repetiremos até obter a resposta.
* Raquel Braga é juíza do Trabalho do TRT-1 (RJ)