A nova edição do Jornal da AJD, número 85, acaba de ser disponibilizada no site. São 12 artigos escritos por 12 mulheres - 11 magistradas e uma advogada - sobre mulheres e pandemia sob diferentes ângulos. O editorial, que reproduzimos abaixo, revela como a edição foi pensada e concretizada. Na capa, a obra Maternidade, de Tarsila do Amaral, pintada pela artista em 1938.
Editorial: O Trabalho Feminino Por Múltiplos Olhares
Com muito orgulho apresentamos esta edição da revista da AJD dedicada ao trabalho feminino. Sob as mais diversas perspectivas, os artigos aqui reunidos abordam a questão do cuidado, do poder, do machismo e do autoritarismo estrutural, do acesso à justiça e da maternidade em tempo de pandemia. As intersecções entre classe, gênero e raça, e a compreensão de que tais questões impõem dificuldade especial às mulheres trabalhadoras, perpassam os múltiplos olhares femininos que compõem essa edição.
As mulheres ainda gastam o dobro de tempo dos homens em atividades de cuidado doméstico. Em média, utilizam 21,3 horas da semana nas tarefas de casa. Com esse dado, não é difícil concluir que majoração de jornada, redução de salário, teletrabalho, precarização do vínculo constituem circunstâncias que atingem muito mais as mulheres do que os homens. Seguem também sendo discriminadas, seja em relação à remuneração, seja quanto à ocupação de cargos de gerência. Enquanto o rendimento médio mensal de todos os trabalhos dos homens é de R$ 2.555,00, o das mulheres é de R$ 1.985,00.
Ocupações vinculadas aos trabalhos de cuidado (97% exercidas por mulheres), além de atividades estéticas em suas mais variadas profissões (manicure, podóloga, cabeleireira), historicamente estiveram fora da abrangência das leis trabalhistas.
A pandemia, com a exigência de teletrabalho e o completo desamparo das trabalhadoras para as quais não se reconhece vínculo de emprego, fez aumentar a precarização do trabalho das mulheres e as denúncias de violência doméstica. Os artigos aqui reunidos enfrentam essas questões, propondo alternativas para a necessária mudança.
Trata-se de uma edição feita por mulheres que acreditam no feminismo como um movimento vivo, necessário e revolucionário e que encontram força, em tempos tão exigentes, para seguir atuando e contribuindo para que um mundo melhor seja possível.
Boa Leitura!
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