AJD protocola representação contra Evandro Guedes e Alfacon

                                                               EvandroAlfacon

                                                                       Reprodução: TikTok

 

Na tarde desta quarta-feira (13), a Associação Juízas e Juízes para a Democracia (AJD) protocolou uma representação contra Evandro Bitencourt Guedes e a Alfacon, de Cascavel-PR, empresa que faz preparatório para concursos públicos e da qual Evandro é diretor e presidente.

Na semana passada circulou nas redes sociais um vídeo de trecho de uma aula do ex-policial militar e professor ensinando como fazer sexo com uma mulher morta. Na gravação que gerou muitas manifestações negativas nas plataformas digitais, Guedes diz [ALERTA DE GATILHO]: "Imagina, filho, você que é virgem. Aí você passa num concurso de técnico de necropsia de nível médio. Aí você tá lá e vem uma menina do 'Pânico na TV' morta. Meu irmão, com aquele rabão e ela enfartou de tanto tomar bomba, enfartou na porta do necrotério. Duas horas da manhã, não tem ninguém. Você bota a mão: 'Uhmmm, quentinha ainda'. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime”.

A representação da AJD foi protocolada na Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo, na qual exigiu a instauração de inquérito civil. Na apresentação dos fatos e fundamentos do pedido a entidade afirmou: “para além do ilícito penal, a fala do representado Evandro importa em absoluta objetificação do corpo feminino, com total esvaziamento de qualquer princípio de alteridade, no sentido de que determinadas mulheres, além de deterem características que justificariam o abuso, também não seriam dignas de luto”.

A fala de Evandro Guedes foi registrada enquanto lecionava para alunos que prestariam concurso para a carreira policial, fato salientado pela AJD. “Note-se que esse representado se dirigia, de modo mais imediato, potenciais futuros integrantes das carreiras policiais, gerando potencial dano difuso na deturpação do perfil psíquico e social dos candidatos”.

Em nota publicada a Alfacon afirmou: “o vídeo na íntegra deixa claro que se trata apenas de um exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal, (...) o vídeo é antigo, uma aula ao vivo do YouTube que foi retirada do ar para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos”. A AJD contestou tal afirmação, “analisando todas as variantes, não há qualquer contextualização possível a partir da qual uma análise integral da aula fosse capaz de dar um outro sentido ao discurso acima descrito ou de qualquer modo abranda-lo para aquém daquilo que é, a saber, uma fala criminosa e atentatória à dignidade da pessoa humana”, confrontou a entidade.