Muitos foram os brasileiros e brasileiras que se levantaram contra o golpe militar-empresarial instaurado em 1964. Alguns infelizmente não estão mais presentes para poder compartilhar suas histórias, outros ainda temos a oportunidade de ouvir e aprender com seus relatos.
No seu quadro de membros e membras, a Associação Juízas e Juízes para a Democracia (AJD) tem a honra de poder contar com camaradas que foram aço nos tempos de chumbo. Nos 60 anos que marcam o golpe de 1964, a AJD celebra a trajetória de luta de Antônia Mara, Inocêncio Uchôa, Silvio Mota e Theodomiro Romeiro dos Santos, através da série Justa Resistência, dividida em quatro episódios.
As entrevistas tentam remontar o contexto de luta dos anos 1960, o que levou cada um destes companheiros, e companheira, a fazer parte da resistência e qual projeto defendiam para o Brasil. A série também busca saber de que forma esta trajetória forjou suas atuações na magistratura, em especial a magistratura trabalhista, na qual exerceram ofício.
No primeiro episódio conhecemos um pouco mais de Theodomiro Romeiro dos Santos, carinhosamente chamado de Theo. Virgínia Bahia (Viúva de Theo e membra da AJD) participa da entrevista, que recupera outros documentos e registros da vida de Theodomiro, que dá nome a um dos núcleos da AJD (Pernambuco).
Em seguida, no segundo episódio, quem fala é o camarada Inocêncio Uchôa. Ele compartilha sua trajetória desde os tempos do movimento estudantil. “Você começa lutando por melhores condições de trabalho para os professores, por uma melhor biblioteca, alimentação, sala de aula, banheiro. Mas ao longo desse processo, você vai vendo que essas questões não se resolvem na universidade, elas se resolvem na política. E aí na política você tem que mudar o Ministro da Educação, para mudar o ministro você tem que mudar o Governo, e o Governo era um Governo Militar”, afirma Uchôa em dos trechos da entrevista.
Silvio Mota, conterrâneo de Inocêncio, é o entrevistado do terceiro episódio. Ele relembra o que o levou a se tornar comunista: “Eu comecei a me aprofundar em filosofia e me tornei materialista. De materialista pra virar comunista, principalmente no Ceará dos anos 60, foi muito fácil” (Risos).
Quem fecha com chave de ouro é a camarada Antônia Mara Loguércio, que iniciou sua jornada na Juventude Estudantil Católica (JEC) e posteriormente na Ação Popular (AP). “A violência acompanha todo o processo revolucionário, mas ela nunca parte dos revolucionários”, afirma Mara.
A série “Justa Resistência” está disponível numa playlist do canal do YouTube da AJD. Assista e confira aqui.